É
muito comum nos depararmos com a seguinte afirmação: Deus era uma pessoa no A.T
e é outra no N.T. Afirmação como esta faz parte da reflexão teológica de muitos
leigos e de muitos teólogos-pastores espalhados pelo país a fora. Entretanto,
para nós, não há como fazermos esta subdivisão, um Deus que agiu em Israel e um
Deus que age em meio aos cristãos, a ação de Deus na história é indivisível,
Deus é um Deus participante e atuante na história da humanidade e não há
possibilidades de fragmentarmos a ação dele.
Se
existe alguma possibilidade de se fazer uma divisão em dois blocos da história,
ou seja, um Deus de Israel e um Deus dos cristãos, esta divisão não tem origem
na pessoa ou ação divina, mas na leitura que o ser humano fez em relação à
revelação deste Deus.
É
evidente que não podemos deixar de levar em consideração que, no Novo
Testamento, a encarnação de Jesus torna-se um novo paradigma para que se
conheça e compreenda a salvação que o mesmo Deus trouxe a Israel e a todos os
povos. Entretanto, a encarnação e a imagem de Jesus, em nada se distanciam da
imagem do Deus de Israel, visto que é o próprio Deus quem envia seu filho e na perspectiva
da teologia trinitária é o próprio Deus quem se encarnou, ou seja, Jesus existe
desde o princípio e tudo o que foi feito teve inexoravelmente sua participação.
Esta é, sem dúvida, outra fundamentação teológica para afirmar que não podemos
fragmentar teologicamente a história; o Deus de Israel é também o Deus cristão,
pois Jesus existe desde o princípio.
Deus
é o criador supremo, que criou todas as coisas em amor. Numa linguagem bíblica
e simbólica, colocou o ser humano num belo jardim, lugar onde ele concebeu todo
o necessário para a sobrevivência da criação. É também um Deus que levou em
consideração a liberdade humana, permitindo até mesmo o pecado, um ato contra sua
santidade. Contudo, mesmo com o pecado e a liberdade que concedeu ao ser
humano, jamais deixou de ser um Deus que em todo tempo e o tempo todo tem
participado da história humana e demonstrado todo seu amor e cuidado para com
ele.
Portanto
não há possibilidades de fragmentar este Deus. Ele é quem criou a humanidade no
princípio e quem tem sustentado esta humanidade até os dias de hoje. Ele é quem
chamou e vocacionou pessoas no passado, como: Abraão, Isaque, Jacó, Moisés e é quem
continua chamando e vocacionando pessoas até o dia de hoje. Ele é quem levantou
profetas para denunciar as injustiças sociais, política, religiosa, ou seja,
denunciar o pecado, e quem também levantou a igreja hoje para assim fazer da
mesma forma.
É
ele quem inspirou pessoas para ouvir e anunciar as promessas de esperança e de
um novo reino no passado e é ele que continua alimentando estas mesmas
promessas ainda hoje na vida dos cristãos.
Sendo
assim, para nós, é impossível falar em duas diferentes perspectivas deste Deus.
Como nos apresenta a linguagem bíblica: ele é o alfa e o ômega, o princípio e o
fim; bem como é aquele que era, que é, e que há de ser por toda a
eternidade. Um Deus único e indivisível na
relação com sua criação.
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