sábado, 14 de fevereiro de 2015

"Deus de Israel, Deus de todos os povos". Uma reflexão a partir do Pentateuco

            Para trabalharmos este tema iremos dividi-lo em três etapas. Na primeira, afirmaremos o porquê Yahweh é Deus de Israel. Na segunda, o porquê é Deus de todos os povos. Na terceira, a intensão do Pentateuco.
Todas as tradições do Pentateuco tem a pretensão de afirmar que Yahweh é Deus de Israel e que Israel é o seu povo eleito. Tem a intensão de demonstrar que Israel está sob as leis de Yhaweh e que a única forma de sobrevivência deste povo é viver em conformidade a estas leis. Sendo assim, Israel é povo eleito de Deus e vive para e por este Deus.
                Contudo, é preciso apontar quais as tradições que evidenciam este domínio de Yahweh sobre Israel e por que Israel o tem como seu Deus. A primeira tradição a ser destacada e que demonstra a posse de Yahweh sobre Israel é o chamado da geração de Terá. Terá é pai de Abraão, e Abraão é aquele que recebeu a promessa de Yahweh: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra”. (Gen 12.1-3). Abraão é o patriarca de Israel e a partir dele se constituiu uma grande nação. Nele está a eleição de Israel e é na sua ascendência que Israel tem origem.
Abraão é pai de Isaque, o filho da promessa, e Isaque é pai de Jacó, a quem Deus chamou de Israel, e de quem emana todas as tribos. Portanto, Yahweh é Deus de Israel, pois foi ele mesmo quem escolheu este povo e é ele quem interveio na história dele.
            Entretanto, há outras tradições que evidenciam a posse de Yahweh sobre Israel, como: a saída do Egito e o Sinai. Com o governo de José, filho de Jacó, no Egito, todos seus irmãos passaram a habitar naquela região. Todavia, com sua morte, passaram a viver sob o regime de corveia naquela região. Sendo assim, novamente Yahweh intervém na sua história, convocando Moisés para libertar Israel do Egito.
Libertos das mãos de faraó, que teve seu exército morto na travessia do mar vermelho, Israel segue em direção ao deserto do Sinai e, naquele monte, Moisés recebe as leis de Yahweh. Estas leis deveriam ser observadas por Israel, pois como o próprio prólogo do decálogo afirma: “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. (Ex 20.2) Nas palavras dos redatores, é o próprio Deus quem afirmou ser o Deus de Israel, e por isto, suas leis devem ser observadas para a preservação da vida. 
Portanto, não há dúvida que Yahweh é Deus de Israel, pois ele mesmo elegeu e interferiu em sua história. História que dá identidade e origem a este povo e, sobretudo, que foi preservada em forma de tradição oral e muito depois em tradição escrita, as quais se encontram no Pentateuco.    
            O Pentateuco é um conjunto de textos escrito em vários períodos. Acredita-se que sua compilação final tenha acontecido no exílio da Babilônia, período em que houve muita produção de textos e muitos destes textos estão inserido em sua compilação final. Sendo assim, podemos afirmar que a concepção de Israel sobre Yahweh sofreu várias mudanças com o passar do tempo. Uma das principais mudanças é a concepção de Yahweh como o único Deus. Para o Israel tardio, Yahweh é Deus de todos os povos, pois está acima de todos os deuses dos outros povos, pois não há outro Deus como ele. Aqui tem inicio a concepção do monoteísmo judeu.
            Texto como Gn 1, evidência a soberania de Deus sobre os outros deuses. Há consenso entre os biblistas que este texto tem sua origem no exílio e que sua intensão é demonstrar a soberania de Yahweh sobre os deuses babilônios. Yahweh criou o sol, a lua e as estrelas, objetos que eram adorados como divindade pelos babilônios. Portanto, se Yahweh é quem os criou, logo exerce soberania sobre eles.
            Outro texto que demonstra a soberania de Yahweh sobre outros deuses são os textos em que aparece a figura de faraó do Egito, no livro do Êxodo. O Egito tinha os seus deuses e faraó era tido como personificação destas divindades. Entretanto, Yahweh endureceu o coração de faraó (Ex. 4.21) demonstrando que sua soberania não está limitada a uma nação, mas que é Deus de todos os povos, pois exerce poder até mesmo sobre faraó. Ainda com relação ao Egito, o texto da morte dos primogênitos, a décima praga enviada por Yahweh, demonstra sua soberania sobre todos os deuses egípcios e sobre todos os povos.
            Portanto, na concepção tardia, concepção que está implícita nos textos do Pentateuco, Yahweh é o Deus de todos os povos. Há outros textos que podem evidenciar tal senhorio sobre os outros povos, como a promessa da terra de Canaã a Abraão e sua descendência. Lá habitava os cananeus e estes cultuavam seus deuses, mas, Yahweh, dono de toda terra, daria aquele território a Israel, pois dele é o universo. O dilúvio, demostrando que ele faz o que bem entende com os habitantes da terra, inundando o universo. De fato, sabemos que textos como o do diluvio foram incorporados por Israel, justamente para demonstrar que era Yahweh o Deus que enviou e executou tais coisas.
            Assim sendo, Yahweh é Deus de Israel e de todos os outros povos. A nação de Israel é eleita por Yahweh para provar as outras nações a sua soberania e domínio sobre toda a terra e sobre toda a humanidade.
O Pentateuco tem esta intensão, afirmar a soberania e poder de Yahweh, tanto sobre Israel como sobre todos os outros povos existentes na face da terra. Tem a intensão de proporcionar esperança e fé em todos aqueles que lerão estes textos posteriormente.      

               

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

REFLEXÃO: LIÇÕES EM TEMPO DE CRISE



Texto base: Lamentações 1.10-11

10 Estendeu o adversário a sua mão a todas as coisas mais preciosas dela; pois viu entrar no seu santuário as nações acerca das quais mandaste que não entrassem na tua congregação.
11 Todo o seu povo anda suspirando, buscando o pão; deram as suas coisas mais preciosas a troco de mantimento para refrescarem a alma; vê, SENHOR, e contempla, pois me tornei desprezível.

INTRODUÇÃO
            Dias difíceis os que temos vivido. Não se fala em outra coisa, se não na crise de água que estamos enfrentando.  
            Diante desta situação, tomamos consciência do quão importante é cada gota de água que chega às nossas casas; tomamos consciência do quão importante e necessário é a preservação deste recurso natural, que não nos pertence, pois pertence ao Senhor, como o salmista diz:
Ao SENHOR pertence à terra e tudo o que nela se contém. (Salmo 24:1)
            O texto, lamentações 1.10-11, fala daquilo que era precioso para a região de Judá: Jerusalém e o seu templo.
            Ambos haviam sidos tomados, saqueados, destruídos, por isto a lamentação.
Lamentavam, pois perderam o controle da situação; lamentavam, pois aquilo que era necessário para o desenvolvimento saudável daquele povo, já não lhes pertencia mais.
            Um período de crise para a comunidade de Judá. Portanto, com a crise deles, aprendemos preciosas lições para a nossa hoje.
DIVISÕES
1.    Todo crise tem um fator desencadeante
No texto o fator desencadeante são os inimigos, o texto diz:

10 Estendeu o adversário a sua mão a todas as coisas mais preciosas dela; pois viu entrar no seu santuário as nações acerca das quais mandaste que não entrassem na tua congregação.

             A Babilônia destruiu aquilo que Judá tinha de mais precioso, aquilo que trazia sentido para existência daquele povo.
            Entretanto, qual é o fator desencadeante da nossa crise hoje?
Somos nós mesmos, os seres humanos.
Tornamo-nos inimigos de nós mesmos, pois se existe crise de água hoje, é porque não administramos de maneira correta a criação de Deus.
Temos sido maus administradores dos recursos que Deus nos deu, e isto é pecado.  
Destruir a criação de Deus em função de nós mesmos é a prova de que somos egoístas e indiferentes a sua criação.
Portanto, cuidar da criação é parte necessária para o cultivo da fé e da espiritualidade cristã, pois Deus é o criador.

2- Toda crise é pedagógica e requer a intervenção divina

Judá aprendeu em meio à crise que as coisas mais preciosas que eles possuíam não eram tão preciosas assim, o texto diz:

11 Todo o seu povo anda suspirando, buscando o pão; deram as suas coisas mais preciosas a troco de mantimento para refrescarem a alma;

Judá trocava suas coisas preciosas em troco de mantimento, faziam isto para sobreviver. Isso mostra que, o precioso, para eles, não tinha poder para mudar a realidade que viviam.
Com isto, nós hoje, aprendemos que neste momento de crise que estamos vivendo, nenhum dos recursos que temos pode nos tirar desta crise.

Somente a consciência de que estamos em pecado, o pedido de perdão e de misericórdia divina, podem nos livrar desta crise, assim como nos diz o texto:

11b- vê SENHOR, e contempla, pois me tornei desprezível.

O texto está afirmando que não há nada que se possa fazer, se não nos convencermos do erro e esperar pelo socorro divino. 

CONCLUSÃO
Somente convertendo nossas práticas e suplicando a intervenção de Deus poderemos encontrar saída em meio à crise.
Fazendo assim, tenho certeza que Deus é fiel para cumprir com sua palavra, pois ele diz:
14 se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra. (2Ch 7:14)
Amém.