quarta-feira, 6 de julho de 2016

COMO VOCÊ PRETENDE SER RECONHECIDO



Texto base: Neemias 7.1-4

INTRODUÇÃO

            Hoje vivemos uma crise de confiança e de esperança. Temos muitas dificuldades em acreditar nas pessoas. Certamente, estamos assim pois são muitas as promessas frustradas que nos fazem.
            O Brasil vive uma crise de honestidade e de confiança, não conseguimos acreditar nas ideologias políticas, estamos cansados dos muitos discursos.
            O Brasil também vive uma crise religiosa, pois há centenas de lobos vestidos em pele de carneiros que tem se levantado para arrebanhar o povo brasileiro. Pessoas que estão preocupadas não com a fé e a espiritualidade de suas ovelhas, mas preocupadas com suas pomposas contas bancarias.
            De fato, confiar e delegar responsabilidades a alguém hoje é muito complicado e muito difícil.

APLICAÇÃO DO TEXTO BÍBLICO

            Neemias era um judeu, copeiro do rei da pérsia, e foi enviado para Jerusalém a fim de administrar a reconstrução dos muros da cidade no pós-exílio babilônio.
            E em determinado momento ele precisou atribuir ou constituir cargos de confiança as pessoas que estavam em sua volta.
            E o interessante do texto, uma biografia do trabalho e ação de Neemias, é quando ele se remete a Hananias. Ele diz:
"Hananias era homem fiel e temente a Deus, mais do que todos os outros".
            De fato, deveria existir muitos homens fiéis e tementes a Deus próximo de Neemias, mas Hananias era mais temente do que todos os outros.
            E quando eu li este texto pensei: está é maneira que eu gostaria de ser reconhecido ou lembrado.
            Não quero ser reconhecido por meu título; não quero ser reconhecido por meus erros; não quero ser reconhecido por minhas obras. Eu quero ser reconhecido como alguém que foi fiel e temente a Deus.
Certamente, não era o status de maioral do castelo (VS 2) e nem o seu posicionamento político que fez com que Hananias fosse um homem reconhecido desta forma, mas sim sua vida de dedicação e devoção ao Senhor.

CONCLUSÃO

A minha preocupação e a sua preocupação também deve ser: como as pessoas tem me reconhecido?
Como os meus filhos e filhas me reconhecem? Como minha família me reconhece? Como meus pais me reconhecem? Como a minha esposa e o meu esposo me reconhece? Como o mundo me reconhece?
Que sejamos sempre reconhecidos e lembrados como pessoas que são fiéis e tementes ao nosso Deus. Amém!




quarta-feira, 8 de junho de 2016

MARAVILHADOS COM JESUS

Partindo Jesus dali, foi para junto do mar da Galiléia; e, subindo ao monte, assentou-se ali. E vieram a ele muitas multidões trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos e outros muitos e os largaram junto aos pés de Jesus; e ele os curou. De modo que o povo se maravilhou ao ver que os mudos falavam, os aleijados recobravam saúde, os coxos andavam e os cegos viam. Então, glorificavam ao Deus de Israel. Mt.15.29-31

Há momentos na vida que nos marcam devido a sua intensidade e influência. Em geral, esses momentos são caracterizados por coisas boas ou coisas ruins que nos aconteceram e ficam eternizados em nossa consciência, tornando-se ponto de referência para determinados períodos de nossa história.
            A conversão, ato de nos rendermos aos pés de Jesus Cristo, confessando-o como nosso único e suficiente salvador, torna-se um marco na história do cristão. Há pessoas que se lembram do dia, da hora, do local e dos detalhes de como foi o momento em que entregaram suas vidas para o Senhor Jesus. De fato, é maravilhosa a transformação que acontece na vida das pessoas que se rendem aos pés de Jesus Cristo. É literalmente um novo nascimento, como as Escrituras simbolizam este ato de fé.
            O evangelho de Mateus, no capítulo 15.29-31, relata-nos um fato surpreendente e exemplar de como a atuação de Jesus Cristo transforma a vida e a circunstância de qualquer ser humano. O evangelho nos diz que Jesus estava assentado sobre um monte e que afluíram até ele grandes multidões trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos e outros muitos, e os largaram junto aos pés de Jesus. O resultado desta grande reunião em torno de Jesus foi que todos estes enfermos foram curados por ele.
            Contudo, o que salta os olhos neste breve relato de milagres concretizados por Jesus, não é tão somente o fato de ele curar, mas o fato de ver o povo maravilhado com aquilo que tinham visto, diz o texto: “de modo que o povo se maravilhou ao ver que os mudos falavam, os aleijados recobravam saúde, os coxos andavam e os cegos viam”.
            Contemplar a obra de Deus na vida humana é algo que deve nos maravilhar. Há centenas de pessoas que nós conhecemos que estavam coxos de espírito, aleijados de amor, cegos de paz, mudos de esperanças, mas que quando encontraram os pés de Jesus e se debruçaram sobre ele, tiveram suas vidas completamente mudadas. Este ato é maravilhoso demais, é o divino se apresentando no palco da vida humana, tendo como expectadores a igreja. Que privilégio poder contemplar essas ações do Todo Poderoso.
            O Senhor Jesus continua recebendo as multidões de enfermos; sobretudo, continua transformando estas multidões de enfermos em multidões de saudáveis; saudáveis discípulos que se encontraram com o verdadeiro médico dos médicos. E o povo, os privilegiados expectadores da grande obra de redenção, deve continuar, dia após dia, se maravilhando e “glorificando ao Deus de Israel”. Amém.

                                                                      
                                                                             Pastor Marcelo Henrique Romeu             

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

TEMPO DE QUALIDADE


“Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, o teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades” (Ex.20.8-10).
           
          Não precisamos empreender uma análise profunda para perceber que o ser humano do século XXI encontra-se extremante atarefado, cansado, estressado e até mesmo doente.
            O progresso que a pós-modernidade trouxe para os dias atuais, veio acompanhado de muitas tarefas, muitos compromissos, muitas preocupações etc. Desta forma, muitos não conseguem dar conta de todas as coisas que lhe são requeridas, não conseguem administrar o tempo e nem mesmo a agenda. Há um dito popular que expressa muito bem isto, ele diz: “vinte quatro horas não têm sido suficiente para fazer todas as coisas é preciso mais algumas horas”.
            Diante desta realidade comum a quase todos os indivíduos hoje, somos exortados pela Palavra do Senhor a encontrar um tempo de qualidade, mesmo em meio a esta falta de tempo. Tempo de qualidade deve ser definido como tempo de descanso, tempo de lazer, tempo com a família, tempo com os amigos, tempo de contemplação, tempo de reflexão, tempo de oração e, principalmente, tempo com o Senhor.
            O sábado, na Bíblia, simboliza este tempo de qualidade. O povo de Israel foi obrigado por Deus a guardar o sábado, pois este era o dia de se voltar ao Senhor e de descansar totalmente da labuta diária.
            Meu desejo é que você previamente defina em sua agenda o seu tempo de qualidade e que você possa renovar a sua força e sua fé a partir dele.
                                                           
                                                                            Seminarista Marcelo Henrique Romeu
  


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O PERDÃO NA PERSPECTIVA DE JESUS


Texto bíblico: Mateus 18.21-22

INTRODUÇÃO

O tema perdão é sem sombra de dúvida o principal tema do Novo Testamento. A trama central do N.T aponta para um Deus que não leva em consideração a maldade, a ignorância, a prepotência e a arrogância humana. Sendo assim, o sacrifício vicário de Jesus é para perdão dos pecados, é para justificação dos eleitos de Deus.
Portanto, falar do evangelho é também falar de perdão. É entender que, na vida cristã, esta é uma ação necessária e bíblica.
No judaísmo antigo, os rabinos (interpretes da lei) ensinavam que era necessário perdoar até 3 vezes a mesma pessoa e que, na 4 vez, o judeu estava livre para não perdoar.
No texto que lemos, Pedro faz uma pergunta a Jesus, e ele mesmo responde a pergunta com outra pergunta:

Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?(v.21)
           
Pedro conhecia os ensinamentos rabínicos, sabia que o comum era perdoar até 3 vezes, mas, no diálogo com Jesus, ele tenta superar este ensino dobrando este número.
Certamente, Pedro, ao se dirigir a Jesus desta forma, estava pensando que dobrando a quantidade de vezes iria alcançar a satisfação ou elogios de Jesus.
Contudo, a reação de Jesus é inesperada, ele supera em muito a matemática dos judeus e a matemática de Pedro. É preciso perdoar 70x7, ou seja, 490 vezes.
Outro ponto que desperta atenção, é que este versículo é encontrado somente no evangelho de Mateus. Bem como, a perícope seguinte, a parábola do credor incompassivo, que também trata de perdão, não é encontrada nos outros evangelhos.
O que isso significa?
Que certamente este era um problema recorrente na comunidade de Mateus. Certamente existiam pessoas que estavam fazendo matemática para perdoar o seu irmão ou irmã.
Sendo assim, o texto de Mateus, reproduzindo o diálogo de Pedro com Jesus, tem duas lições preciosas a nos ensinar.

DIVISÕES

1.    O PERDÃO DEVE SER FUNDAMENTADO NA GRAÇA DE DEUS

Jesus não está preocupado com números quando supera a matemática dos judeus. Ele está preocupado em ensinar a Pedro e a todos os seus discípulos que o perdão não deve ser algo burocrático, ser algo legalista.
Jesus quer que eles entendam que perdoar é levar em consideração a humanidade do outro, ou seja, levar em consideração que o outro é sempre falho, sempre imperfeito, sempre propenso ao erro, assim como eu sou.
É nesta perspectiva que Deus nos perdoou. Ele nos via como miseráveis e pecadores, mas, entendendo nossa incapacidade e nossa finitude, ele agiu com graça, ou seja, não levou em consideração o nosso mal, a nossa pecaminosidade.
A expressão 70x7 simboliza que, como filhos e filhas de Deus, somos convidados ao relacionamento, somos convidados a fazer parte do mesmo corpo, somos convidados a ser irmãos e irmãs na fé. É um convite a comunhão plena.
A expressão 70x7 simboliza agir como Deus agiu, graciosamente, perdoando quantas vezes for necessário, para que eu tenha um bom relacionamento com todos.
Portanto, a necessidade de perdoar não pode ser matemática e nem legalista, deve ser fundamentada na graça, que entende que o outro é tão pecaminoso, como eu sou; que entende que o outro é tão ruim, como eu também sou.

2.    O PERDÃO FUNDAMENTADO NA GRAÇA CRIA UMA CADEIA RECÍPROCA DE PESSOAS PERDOADAS

Sempre quando se pensa neste texto há algumas dificuldades. Isto porque o entendemos sempre na perspectiva individual e pessoal.
O pensamento é sempre fundamentado no eu: eu tenho que perdoar, eu tenho que ser maleável, eu tenho que ceder, eu tenho que ser diferente assim como Jesus.
Entretanto, as palavras de Jesus transcende a noção individual (singular) de perdão.
Com essas palavras, Jesus cria uma cadeia plural, ou seja, o ensino de Jesus é para que todos os discípulos e discípulas perdoem-se reciprocamente.
Desta forma, somos convidados a perdoar o irmão ou irmã que falhou conosco, mas nós também somos perdoados pelo irmão ou irmã que nós falhamos.
A orientação de Jesus faz com que se crie uma cadeia recíproca de pessoas perdoadas. Esta cadeia é a construção do reino de Deus, onde pessoas perdoam umas as outras e são também perdoadas.
Precisamos entender que o princípio para se perdoar alguém que falhou conosco, é saber que nós também falhamos e também carecemos de perdão.

CONCLUSÃO
70x7 é o ensino de Jesus para nossa vida cristã. Jesus nos dá a oportunidade de agirmos à sua imagem e semelhança, perdoando os que nos fere por causa da graça de Deus, aquela que um dia nos perdoou.
Quem você precisa perdoar? E quais os motivos que lhe impedem?
Diante do ensino de Jesus percebemos que nenhum motivo pode nos impedir de perdoar aqueles que estão próximos de nós, pois assim como somos feridos, nós também ferimos e assim como nós perdoamos, também somos perdoados.
Pense nisso!
 





sexta-feira, 11 de setembro de 2015

UMA MENSAGEM DE LAMENTAÇÃO

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz” (Ec. 3.1-8).

Uma cena chamou atenção do mundo nesta semana. Uma criança de apenas 03 anos de idade foi encontrada morte numa praia da Turquia. Segundo informações, a família estava indo se refugiar no Canadá, mas, na travessia marítima, apenas o pai sobreviveu. A criança de 03 anos, o irmão de 05 anos e a mãe das crianças foram mortos após o bote naufragar em alto mar.
A imagem daquela criança na praia reflete a busca de milhares de famílias em busca de paz, de alegria, de justiça, de dignidade, de cuidado e de segurança.
A sua morte, apenas reflete o que está acontecendo nessas muitas travessias, nas muitas periferias de São Paulo, nas muitas favelas do Rio de Janeiro e nos muitos lares espalhados pelo país.
Tragédia como esta, como a morte de um morador de rua na praça da sé e como aquela ocorrida há poucos dias atrás, onde 19 pessoas foram assassinadas, nos coloca numa posição de vítima, numa posição de impotência, numa posição de lamento e reflexão.
Faz-nos pensar que há mensagem sem conclusão otimista, sem frases de efeitos que despertem a emoção, sem orientações práticas e efetivas para uma semana melhor, sem conhecimento teológico.
Faz-nos pensar que após tragédias como estas, o melhor mesmo era ficar em silêncio, sem nada dizer, apenas ouvir calado o que o Espírito tem a nos dizer.
Nas Escrituras, encontramos diversos personagens bíblicos que se calaram, que choraram e que lamentaram frente à tragédia e a desgraça. Foram situações que fizeram com que eles não tivessem motivos para festa, para dança, para cerimônias.
Davi quando soube que seu filho Absalão estava morto “profundamente comovido, subiu à sala que estava por cima da porta e chorou; e, andando, dizia: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” (2Sa 18:33).
Os camponeses que ficaram em derredor de Judá, após a deportação de Jerusalém para a Babilônia, choravam e lamentavam por verem a cidade destruída e as pessoas morrerem de fome, assim diz o texto:
Chora e chora de noite, e as suas lágrimas lhe correm pelas faces; não tem quem a console entre todos os que a amavam; todos os seus amigos procederam perfidamente contra ela, tornaram-se seus inimigos [...] Com lágrimas se consumiram os meus olhos, turbada está a minha alma, e o meu coração se derramou de angústia por causa da calamidade da filha do meu povo; pois desfalecem os meninos e as crianças de peito pelas ruas da cidade [...] Por estas coisas, choro eu; os meus olhos, os meus olhos se desfazem em águas; porque se afastou de mim o consolador que devia restaurar as minhas forças; os meus filhos estão desolados, porque prevaleceu o inimigo (Lm. 1.2; 2.11; 1.16).
            O sábio escritor de Eclesiastes, sabedor de que no desenrolar da vida humana há muitos momentos diversos, disse que a tempo para tudo debaixo do céu. E certamente hoje é tempo de chorar e de refletir sobre como ter um mundo mais justo e mais humano.
            Contudo, choraremos na certeza de que são bem aventurados aqueles que choram, pois serão consolados.
            Que o senhor em sua infinita misericórdia tenha piedade de nós e nos dê a tão necessária paz! Amém!
                                                                                    Sem. Marcelo H. Romeu

segunda-feira, 13 de julho de 2015

DEUS CUIDA DE NÓS


“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Rm 8.31
           
O medo faz parte das faculdades mentais de todo o ser humano. Por um lado, ele faz bem. Faz com que sejamos prudentes em determinadas situações. Por exemplo: quem tem medo do escuro será sempre precavido, terá sempre, uma lanterna, uma vela, um lampião, um abajur, que poderão ser muito úteis caso ele (o escuro) roube a claridade.
            Por outro lado, há o medo ruim. Este tem o poder de reduzir as esperanças, cessar os sonhos, ocasionar depressão. Há milhares de pessoas que estão extáticas frente ao seu medo, sofrendo prematuramente, sem que primeiro ousem vencê-los.
            O apóstolo Paulo, com estas palavras, nos desafia a vencer os medos que nos paralisam, que nos trazem amarguras e que nos causam tristezas. Deseja que enxerguemos a vida pelas lentes do amor e do cuidado de Deus. Crê que desta forma é possível restaurar a alegria, a esperança e os sonhos que o medo roubou.
            Se Deus é por nós, quem será contra nós? Nada e nem ninguém será contra nós, pois é o Deus Todo Poderoso quem cuida de cada um dos seus filhos. Sendo assim, não há o que temer, é preciso crer e, pela fé, desfrutar deste amor e cuidado. 

            Que você desfrute destas benesses de Deus no seu dia-dia. Amém! 

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Deus de Israel e o Deus dos cristãos


           É muito comum nos depararmos com a seguinte afirmação: Deus era uma pessoa no A.T e é outra no N.T. Afirmação como esta faz parte da reflexão teológica de muitos leigos e de muitos teólogos-pastores espalhados pelo país a fora. Entretanto, para nós, não há como fazermos esta subdivisão, um Deus que agiu em Israel e um Deus que age em meio aos cristãos, a ação de Deus na história é indivisível, Deus é um Deus participante e atuante na história da humanidade e não há possibilidades de fragmentarmos a ação dele.
Se existe alguma possibilidade de se fazer uma divisão em dois blocos da história, ou seja, um Deus de Israel e um Deus dos cristãos, esta divisão não tem origem na pessoa ou ação divina, mas na leitura que o ser humano fez em relação à revelação deste Deus.
É evidente que não podemos deixar de levar em consideração que, no Novo Testamento, a encarnação de Jesus torna-se um novo paradigma para que se conheça e compreenda a salvação que o mesmo Deus trouxe a Israel e a todos os povos. Entretanto, a encarnação e a imagem de Jesus, em nada se distanciam da imagem do Deus de Israel, visto que é o próprio Deus quem envia seu filho e na perspectiva da teologia trinitária é o próprio Deus quem se encarnou, ou seja, Jesus existe desde o princípio e tudo o que foi feito teve inexoravelmente sua participação. Esta é, sem dúvida, outra fundamentação teológica para afirmar que não podemos fragmentar teologicamente a história; o Deus de Israel é também o Deus cristão, pois Jesus existe desde o princípio.
Deus é o criador supremo, que criou todas as coisas em amor. Numa linguagem bíblica e simbólica, colocou o ser humano num belo jardim, lugar onde ele concebeu todo o necessário para a sobrevivência da criação. É também um Deus que levou em consideração a liberdade humana, permitindo até mesmo o pecado, um ato contra sua santidade. Contudo, mesmo com o pecado e a liberdade que concedeu ao ser humano, jamais deixou de ser um Deus que em todo tempo e o tempo todo tem participado da história humana e demonstrado todo seu amor e cuidado para com ele.
Portanto não há possibilidades de fragmentar este Deus. Ele é quem criou a humanidade no princípio e quem tem sustentado esta humanidade até os dias de hoje. Ele é quem chamou e vocacionou pessoas no passado, como: Abraão, Isaque, Jacó, Moisés e é quem continua chamando e vocacionando pessoas até o dia de hoje. Ele é quem levantou profetas para denunciar as injustiças sociais, política, religiosa, ou seja, denunciar o pecado, e quem também levantou a igreja hoje para assim fazer da mesma forma.
É ele quem inspirou pessoas para ouvir e anunciar as promessas de esperança e de um novo reino no passado e é ele que continua alimentando estas mesmas promessas ainda hoje na vida dos cristãos.
Sendo assim, para nós, é impossível falar em duas diferentes perspectivas deste Deus. Como nos apresenta a linguagem bíblica: ele é o alfa e o ômega, o princípio e o fim; bem como é aquele que era, que é, e que há de ser por toda a eternidade.  Um Deus único e indivisível na relação com sua criação.