Há
um provérbio que diz: “somos frutos de nossas escolhas” e sem dúvida quem ousou
dize-lo muito sabia e conhecia do desenrolar histórico e existencial da vida
humana. Nunca fui fã de provérbios, antes, sempre tive a concepção de ser algo
relativo, arrogante e distante da minha realidade e de outros.
Todavia,
ao me debruçar sobre provérbios como: “o
temor do SENHOR é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o
ensino” (Pro 1.7); “porquanto a sabedoria entrará no teu coração, e o conhecimento
será agradável à tua alma” (Pro 2.10); “o que confia no seu próprio coração é
insensato, mas o que anda em sabedoria será salvo” (Pro 28.26) penso que mudei
minha concepção sobre eles.
Provérbios são princípios contemplativos e empíricos da
relação humana com o mundo e com o outros, ou seja, nasce da leitura da
realidade circundante e estão profundamente relacionados ao procedimento da
escolha. Assim, o sábio conhece o fim do ignorante pelo fato de suas escolhas
no presente (algo encantador).
Feliz o ser humano que não anda no conselho dos ímpios,
não fica parado no caminho dos pecadores e nem se assenta na roda dos
escarnecedores. Feliz é aquele que tem prazer na lei do Senhor e a sua lei
produz nele sabedoria e, por meio dela, será como árvore plantada junto a canais
de águas e que, no tempo certo, produzirá muitos frutos. Penso que já leu ou ouviu
este oráculo de sabedoria e escolha alguma vez. Assim, baseado neste e em
outros muitos princípios, grafados ou orais, não tenho dúvida: sabedoria e
escolha andam juntas ou ao menos deveriam andar. Da sabedoria provém a escolha
e a escolha incorpora e interpreta a sabedoria.
Entretanto, me angustia a tola espiritualização das
escolhas e dos erros do presente, sempre por motivo da ausência de sabedoria e péssimas escolhas. De fato, é sempre mais
fácil lançar sobre o divino as culpas, pois o inesperado e inaceitável nasce
sempre a partir de uma força superior. Tal concepção implica em dizer que escolher é
para os sábios? Não. Escolher é para os livres. Já dizia os existencialistas: a
liberdade para escolher gera angústia, pois toda escolha produz consequências.
Por um lado, ser livre para escolher é um atributo humano, tanto para o bem,
como para o mau. Por outro lado, assumir as consequências é divino-humano. Sartre,
ao dizer a respeito da liberdade disse: “estamos condenados a ser livres”.
Tudo isso para
dizer: não culpe Deus por suas escolhas ou pelo status quo, viver o
fruto de suas escolhas nada tem haver com a vontade divina ou com o sagrado, mas com sua finitude e liberdade de poder escolher (este pensamento é uma livre escolha). Continua........