sexta-feira, 11 de setembro de 2015

UMA MENSAGEM DE LAMENTAÇÃO

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz” (Ec. 3.1-8).

Uma cena chamou atenção do mundo nesta semana. Uma criança de apenas 03 anos de idade foi encontrada morte numa praia da Turquia. Segundo informações, a família estava indo se refugiar no Canadá, mas, na travessia marítima, apenas o pai sobreviveu. A criança de 03 anos, o irmão de 05 anos e a mãe das crianças foram mortos após o bote naufragar em alto mar.
A imagem daquela criança na praia reflete a busca de milhares de famílias em busca de paz, de alegria, de justiça, de dignidade, de cuidado e de segurança.
A sua morte, apenas reflete o que está acontecendo nessas muitas travessias, nas muitas periferias de São Paulo, nas muitas favelas do Rio de Janeiro e nos muitos lares espalhados pelo país.
Tragédia como esta, como a morte de um morador de rua na praça da sé e como aquela ocorrida há poucos dias atrás, onde 19 pessoas foram assassinadas, nos coloca numa posição de vítima, numa posição de impotência, numa posição de lamento e reflexão.
Faz-nos pensar que há mensagem sem conclusão otimista, sem frases de efeitos que despertem a emoção, sem orientações práticas e efetivas para uma semana melhor, sem conhecimento teológico.
Faz-nos pensar que após tragédias como estas, o melhor mesmo era ficar em silêncio, sem nada dizer, apenas ouvir calado o que o Espírito tem a nos dizer.
Nas Escrituras, encontramos diversos personagens bíblicos que se calaram, que choraram e que lamentaram frente à tragédia e a desgraça. Foram situações que fizeram com que eles não tivessem motivos para festa, para dança, para cerimônias.
Davi quando soube que seu filho Absalão estava morto “profundamente comovido, subiu à sala que estava por cima da porta e chorou; e, andando, dizia: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” (2Sa 18:33).
Os camponeses que ficaram em derredor de Judá, após a deportação de Jerusalém para a Babilônia, choravam e lamentavam por verem a cidade destruída e as pessoas morrerem de fome, assim diz o texto:
Chora e chora de noite, e as suas lágrimas lhe correm pelas faces; não tem quem a console entre todos os que a amavam; todos os seus amigos procederam perfidamente contra ela, tornaram-se seus inimigos [...] Com lágrimas se consumiram os meus olhos, turbada está a minha alma, e o meu coração se derramou de angústia por causa da calamidade da filha do meu povo; pois desfalecem os meninos e as crianças de peito pelas ruas da cidade [...] Por estas coisas, choro eu; os meus olhos, os meus olhos se desfazem em águas; porque se afastou de mim o consolador que devia restaurar as minhas forças; os meus filhos estão desolados, porque prevaleceu o inimigo (Lm. 1.2; 2.11; 1.16).
            O sábio escritor de Eclesiastes, sabedor de que no desenrolar da vida humana há muitos momentos diversos, disse que a tempo para tudo debaixo do céu. E certamente hoje é tempo de chorar e de refletir sobre como ter um mundo mais justo e mais humano.
            Contudo, choraremos na certeza de que são bem aventurados aqueles que choram, pois serão consolados.
            Que o senhor em sua infinita misericórdia tenha piedade de nós e nos dê a tão necessária paz! Amém!
                                                                                    Sem. Marcelo H. Romeu