A
oração é algo essencial na vida dos discípulos de Jesus. Sua eficácia é
poderosa, pois muda o nosso coração. Quando diante dos problemas
e da angústia da vida, a oração é o oxigênio da esperança. Esperança de mudança
pela intervenção divina, pela providência soberana.
Quando
Mateus inclui a oração do pai nosso em seu evangelho, certamente, tinha como
destinatário uma comunidade que buscava respostas para alguns questionamentos.
E talvez um destes questionamentos fosse: como devemos orar? A esta pergunta já
existia reposta, Jesus havia ensinado seus discípulos (Mt. 6.9).
Pode-se
intuir que, por detrás de uma simples fala de Jesus, quando ensinando seus
discípulos acerca da oração, há uma infinidade de possibilidades hermenêuticas.
Desta forma, chamo a atenção para o pão. Jesus diz: o pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Para mim, este pão é a esperança para uma comunidade.
Entretanto, como se dá esta esperança?
Primeiro, o pão é nosso e não meu. Ao ensinar seus
discípulos, Jesus não fala de um pão singular, mas de um pão coletivo. É o pão
do qual toda humanidade tem por direito divino. A Bíblia diz que do Senhor é a
terra, e é dela que vem à possibilidade do pão. Desta forma, Jesus está mais do que
ensinando seus discípulos a pedir o pão, ele está ensinando seus discípulos a
socializar e repartir o pão. O pão, assim como a terra, é providência divina
para suprir a necessidade de todos, e não somente de alguns.
Segundo, o pão é o de cada dia. O pão é algo perecível,
ainda hoje com a possibilidade de conserva-lo por um determinado tempo maior,
ainda sim seu estado perfeito é de no mínimo um dia e no máximo dois. Sendo
assim, mais do que ensinar seus discípulos a pedir a Deus que supra a
necessidade diária, Jesus está ensinando que o pão não é para ser armazenado ou
retido, pois o pão que é retido, perde seu estado essencial e já não tem mais
utilidade.
Portanto, reter o pão, é reter a providência divina para
com os necessitados. É promover a fome e a necessidade daquele que precisa.
A ideia do pão como esperança para uma comunidade é a
partir de uma consciência comunitária que entende que, mais do que esperar e
receber a providência divina é repartir estas mesmas providência com mundo. Certamente, nas comunidades que receberam o evangelho de Mateus, havia
problemas tais como conhecemos hoje: individualismo, indiferença e egoísmo.
Assim, mais do que ensinar os discípulos a orar
abstratamente (só de palavras), Jesus ensina a concretizar na existência da
comunidade uma oração acompanhada pela ação, e sem dúvidas, neste caso, a ação
é olhar para o outro a partir de si mesmo: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. (Lucas 10.27)
Seminarista Marcelo H. Romeu
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